sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A idéia de Iossale

O assunto de minha crônica: uma idéia brilhante, de Iossale, o caixeiro viajante.

Voltando de Águas Claras, vilarejo, em que não poderia negociar suas bolsas de grife; Iossale teve uma brilhante idéia; - Que tal, vender conjuntos de cama e mesa, e dar aos compradores e compradoras uma bolsa de presente! - Rumou para um vilarejo chamado Toque-Toque; Em lá chegando, como de costume procurou uma pousada para descansar, tomar seu banho e comer alguma coisa. - Durante o lanche, conversando com hospedeiro, Janjão, "nome esquisito esse", pensou e falou; Janjão, porque aqui tem esse nome? - Janjão pensou e disse; a mulherada daquí, tem um costume interessante; tudo que vêem, precisa ser tocado, seja homem ou mulher, elas apreciam isso como se fosse comida que precisa experimentar. Iossale franziu o cenho e disse; mercadoria também? Lógico, mercadoria comprada tem que ser tocada, sentir o tecido, algodão ou seda, bordados feito a mão e por aí vai, é um toque para isso e um toque para aquilo.
Iossale, um toque para aquilo? - Janjão, ó homen, você não compreende? - Homem bem dotado tem preferência. Ah sei, e mercadoria também? - faz parte do negócio homem. Bem, disse Iossale, eu tenho mercadoria de alta qualidade, lá na minha Kombi; se alguma mulher comprar, leva de presente uma bolsa de grife. - Grife? - o que é isso? Iossale já cansado da conversa e querendo se safar disse; grife é quando a mercadoria é muito boa, e de qualidade, segundo o fabricante, e para isso ele mesmo grifa a mercadoria. Janjão vendo uma oportunidade; dar um presente a sua amante, junto a alguma coisa que ela queira, olhando para o fundo da pousada gritou, Ginginha, venha aqui. Tem um moço vendendo roupa de cama que estamos precisando, e ele dá de quebra uma bela bolsa. Ginginha veio, uma bela mulher, morena, olhos verdes, simpática, que deixou Iossale encantado.

Cerimonioso disse; Tenho um conjunto de roupa de cama bordado a mão, feito por rendeiras do nordeste (Rua 25 de Março), faço um preço barato; 1.200 reais, e divido em dez prestações, não um bom negócio? - Ginginha, é bonito, o Janjão também vai gostar, mas ele me disse, que se eu comprar, levo uma linda bolsa de presente, é verdade? - Sim é verdade, pode escolher, vou pegar a bolsa. Ginginha, entrou na Kombi, escolheu um conjunto, e viu no fundo um monte de bolsas com o mesmo desenho. Espera aí, moço, é tudo igual, não tem outros desenhos? - se eu for num baile, toda mulherada pode estar com bolsas iguais, como é que eu fico? - No mesmo lugar, disse Iossale, todas as mulheres vendo seu gosto igual à delas, não é legal? - Legal é, disse Ginginha, mas não a mulher do dono da Pousada, usando bolsas iguais às das colhedoras de cana de açúcar. Tem razão dona Ginginha, disse Iossale, elas não podem usar bolsa igual a uma empresária do ramo de comidas e "dona" da Pousada, certo? - Ginginha, orgulhosa de ser chamada empresária e dona da Pousada: não pensei nisso, o senhor tem razão! E olhou com carinho sua bolsa de grife... e disse, essas colhedoras vagabundas, vão me pagar! - Iossale, dona Ginginha, elas já me pagaram, me compraram mercadorias e ganharam suas bolsas, então está tudo certo, também; Não também não, disse ele furiosa indo para dentro da Pousada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário