sábado, 12 de setembro de 2009

Iossale e as Grandes Festas

As grandes Festas Judaicas se aproximando, Iossale, pensa; tenho que fazer uma boa ação; Ato contínuo, parte com sua Kombi recheada das bolsas de "grife", para uma localidade no Rio Grande do Sul, entre as serras gauchas chamada Bem me Quer. É um nome sugestivo, para um bom gesto. Um caminho longo a percorrer, Iossale dirigindo a Kombi com cuidado, pensa; Rosh Hashaná, começa na noite de 18 deste mês, tenho ainda alguns dias para chegar a Bem me Quer, não é preciso pressa, mas sei o que vou fazer. - Muitos quilômetros rodados, chega enfim ao seu destino. - Procura uma Pousada para descansar, tomar seu banho e comer alguma coisa. A Pousada tem o mesmo nome do lugar. É hospitaleira, como todas Pousadas; Seu dono, um gaucho, alto, bigodudo, usando bombachas o atendeu; Boa Noite meu amigo, gostas de um bom churrasco? - Sim, disse Iossale, e uma cerveja gelada, vai muito bem, estou com muita fome, fiz uma viagem longa, vim de São Paulo. São Paulo? - faz muitos anos que não piso lá. Iossale, não gostou do piso lá, a terra onde nasci? - mas deixa pra lá, a fome é grande, não vale apena discutir, ainda mais com um homem de 1,95 - fome saciada vai bem uma boa conversa perto da lareira; Ô gaucho, logo teve a resposta á moda gaucha; meu nome é Bento e o seu? - pode me chamar de Zé, queria lhe perguntar, sei que, no Sul as crianças gostam muito de estudar, tem alguma escola nesse lugar? - Tem, á alguns quilômetros daqui. Alguns quilômetros para você, quanto é, disse Iossale; São uns, deixe pensar; á sim, meu filho, leva meus netos numa picape, que roda segundo me disse, 29 quilômetros até a escola, e na volta outros 29, todo dias, 58 quilômetros ida e volta, mas ele é inteligente, enquando meus netos estão na escola, ele vende uns nacos da bôa carne para churrasco, para os professores e pais dos alunos, isso me dá um bom lucro, vale apena essa jornada. - Bento, eu pensava ir até lá, e fazer uma bôa ação. Bento; fazer uma bôa ação? como chê? - Vou te explicar; eu sou brasileiro, e judeu não praticante; acontece que no proximo dia 18 á noite, é véspera de nosso Ano Novo, é um nome esquisito pra você, chama-se Rosh Hashaná. E eu com isso? - Bento, seu filho leva todos os dias, seus netos para a escola, posso acompanhá-lo com minha Kombi? - Chê, com todo o prazer, vou falar para ele esperar por você, até as 5 da matina, é quando ele parte com as crianças. Ò, as 5 da matina? - Chê, quis dizer da manhã. Tudo bem, lhe agradeço Bento, vou pagar a conta da hospedagem agora, pois as 5 da matina você deve estar dormindo, certo? - Que certo, que nada, as 4 da matina, estarei alimentando meu gado, depois de tomar meu chimarrão. - Conversar com gaucho, precisa ser diplomático, Iossale sabia disso, pagou o que devia e foi dormir, deixando recado para que o acordasse, "Main Got" às quatro da matina.
Estava escuro o dia, quando partiram, precisava chegar na escola as 7 da manhã.

Lá chegando, Iossale, desceu da Kombi, para combinar com os professores, distribuir para os alunos, as bolsas de "grife" encalhadas. Alegria geral, alunos e alunas aplaudiram Iossale, pelo presente inesperado. Depois de um breve discurso, Iossale partiu de volta para São Paulo. - Estava satisfeito pela bela ação que praticou, era como um Papai Noel Judeu, não fazia nenhuma diferença; pois no Yom Kipur, assistiria ao Kol Nidrê, o soprar do Shofar pelo rabino, e rezaria o Izcor, pelos seus antepassados ao meio dia seguinte dia 28, era próximo do fim do mês, negócios, nem pensar; estaria de alma e espírito limpos, estava perdoado de todos pecados, até o próximo Yom Kipur. - Amém.

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