sexta-feira, 12 de junho de 2009

Histórias de Yossale, o caixeiro viajante

Yossale era um caixeiro viajante; perambulava pelas cidades do interior de S. Paulo, vendendo suas mercadorias de "alta qualidade".

Passando por pequeno vilarejo, casas simples, uma porta duas janelas, um canteiro de flores a frente muito bem cuidado, principalmente por um vira-latas que não parava de latir quando via gente estranha.; Yossale batia na porta perguntado pela Dona Maria, alias, todas as mulher para ele eram Maria. Bem, o vira-lata, não parava e latir; esperto como ele, dava ao cachorro um biscoito, mais um assim por diante... uma mulher abriu a porta, o que o sinhô quer? Dna. Maria, falou Yossale, - eu me chamo Doralinda, disse; a mulher, sei Dna. Doralinda, bonito nome, a mulher envaidecida, vendo um carro abarrotado de mercadorias, o sinhô quer vender alguma coisa?

Yossale, engoliu em seco, pediu um copo d’água, depois mais à vontade, falou; tenho muita coisa de alta qualidade "todas compradas na 25 de março" veja só este tapete persa..., ela olhando, Persa? É, veio de um lugar muito longe, na Europa, ela, Europa? Então é coisa muito boa, mas não posso comprar, deve ser caro, sinhô não, senhora replicou Yossale, para senhora eu vendo a prestação, fica barato, só vinte parcelas de 20, 00 - ela, meu homem ganha salário mínimo como agricultor, é muito para mim, - ele, vamos fazer um negocio muito bom para nós dois. - ela, que negocio? 40 parcelas de 10,00, está bem? Ela sem jeito, o sinhô é um homem muito bom, 10,00 eu posso pagar, feito o negocio "o tapete custou 40,00", - Yossale ajudou a por o tapete na pequena sala, ela, ele é bonito, cobriu toda sala, gostei, quer um cafezinho? Sim obrigado; o café interiorano, era puro sem mistura de palha, sorveu com gosto, que cheiro, que gosto, em S. Paulo não tem igual; depois de agradecer e sair pensou um pouco, voltou, Doralinda ainda estava na porta; desculpe a senhora pode pagar a primeira prestação de 10,00, assim só vou incomodar a senhora, daqui vinte dias, está bem? Doralinda pensou, mas a prestação não é de 30 em 30 dias? ; perguntou? É verdade, desculpe, é mesmo, passo aqui no mês que vem, sim quando completar 30 dias, certo senhora, me desculpe, é que eu estou com fome, não percebi, me desculpe mesmo. Vou até o boteco comer pão com mortadela. Que isso sinhô, eu tenho em casa arroz e feijão, um bife e salada, está bem? Que bom a senhora é uma santa; devorou o almoço com apetite, ao ir embora, disse a senhora merece um prazo maior, vou voltar só daqui a quarenta dias, e me paga duas prestações de 10,00, está bem?

Ela envaidecida, sinhô é homem bom, tenho um bom tempo para pagar, assim meu marido já recebeu o salário do mês...espera aqui sinhô, Doralinda era boa de conta, são 30 dias, o sinhô falou que volta daqui 40 dias? - desculpe mais uma vez, é o calor que me derrete a cabeça, tem razão, eu vou voltar, só daqui 55 dias tá bem? Ela pensou, bem por 5 dias não vale apena discutir, ele gostou da minha comida!

Yossale todo satisfeito, pegou o carro, foi para estrada, estava escurecendo, o próximo vilarejo estava longe, uns 70 km. - mas seguindo em frente, deparou com um homem, franzino, barba por fazer, capote ruído pelo uso constante, lhe acenando, “oi veiz mir main got, o que ele quer?” - parou o carro, o homem lhe pediu que fosse a uma casa lá em frente, para completar 10 homens para um “minhe”, era uma Mitzvá, não poderia recusar, lá foi ele.

Acabada a reza,lhe agradeceram; pegou o carro partiu, orgulhoso de ter feito sua obrigação, chegou á um posto de gasolina, que era pensão também, lá tomou seu banho, um lanche e foi dormir. Pela manhã, tomou seu café, abasteceu o carro... Pensou, estranho aquela casa no mato? Deu a volta e partiu, lá chegando, a referência era uma grande arvore, não podia se enganar; olhando em direção a casa onde estivera na véspera, só viu mato. Capim, gado pastando... Mas eu estive lá, tinha apenas 9 homens, eu era o décimo...? - será que eu sonhei? - não pode ser, eu estava dirigindo meu carro... “Azoi? - deve ser calor; michiguene cop”... Seguiu em frente, sempre pensando...

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