segunda-feira, 20 de julho de 2009

Dois contos

Brasil terra de esperança

Os amigos Jamil e Jacob, resolveram emigrar para o Brasil. Era a terra de esperança, segundo diziam. Vieram de mala e cuia, num vôo da El Al que depois de uma escala em Frankfurt - Alemanha.,. Para aguardar o vôo da Tam para o Brasil, (Jamil olhou para Jacob) lágrimas lhe desciam dos olhos; perguntou, Jacob, você está chorando, por um fato que aconteceu á mais de sessenta anos? - Jacob, olhando para o amigo, disse; - Jamil, quero uma resposta simples a minha pergunta; se você morasse na Alemanha na época nazista, tivesse uma loja, assim como seus amigos e conhecidos, um grupo de "gente" fardada, usando no braço esquerdo o símbolo nazista, começassem atirar pedras, quebrando as vitrines, entrando nas lojas, agredindo sua mulher e filhos, chamando vocês de árabes imundos o que você faria? - Jamil pensou um pouco, disse; o que vocês judeus fizeram. - Jacob, pois é, nada; como nós, comerciantes e civis podíamos nos defender? . - os nazistas eram um turba violenta, eram paus mandados pelos seus chefes e faziam de tudo para nos assustar, até aquele momento. - Jamil, até aquele momento por quê? - Jacob, sim até aquele momento porque o que vinha a seguir éra pior; começaram a nós arrebanhar como se fossemos bois ou vacas para o matadouro; nos empurravam para vagões próprios para gado, e nos levavam para campos de concentração. Lá chegando, éramos separados, os homens e mulheres mais jovens e mais fortes eram selecionados para trabalho escravo, mas mulheres jovens e bonitas eram obrigadas a se prostituir.

Os mais velhos, homens mulheres e até crianças e bebês, eram levados para câmaras de gás, e morriam sufocados. - Jamil, pensou; eu já sabia disso, mas custava acreditar; a Alemanha e os alemães sempre foram considerados os mais civilizados, tinham alta tecnologia em química. Remédios, veja Cafiaspirina da Bayer que usamos até hoje, os Mercedez Benz, considerados os melhores automóveis do mundo, os reis da Arábia Saudita e os príncipes, milionários do petróleo, só usam esses carros, e os presenteiam á suas mulheres e amantes, seus navios e aviões, submarinos, tanques de guerra, armamentos pesados e leves, a estrutura de seus exércitos, soldados bem uniformizados e armados, respeito a hierarquia era uma determinante, seus oficiais, generais e marechais eram os mais eficientes e preparados do mundo. Toda Europa os respeitavam e temiam, os alemães eram considerados superiores em tudo..., espera aí, disse Jacob, você sabia que tudo que faziam era registrado com muita eficiência? . - Jamil, lógico, eficiente como os alemães, só eles mesmos. - Jacob, quando os nazistas matavam, era tudo industrializado, você sabia? - Jamil, faz parte da organização alemã, é o histórico da eficiência alemã. - Jacob, e matar gente inocente, só porque eram judeus, principalmente industrialmente? - me desculpe Jacob, isso eu não posso acreditar, principalmente, vindo da civilizada Alemanha. Jacob, pois é Jamil, eu e minha família também pensávamos isso. Jamil, então meu amigo Jacob, você me dando razão; è o que você pensa meu amigo Jamil, você já ouviu falar do Holocausto? - Jamil, lógico; mas o Presidente do Irã disse que isso é um mito. - Jacob, cansado de ouvir sobre esse "mito", disse; pois é meu amigo Jamil, se acontecesse com seus familiares e amigos enfim com um terço da comunidade árabe, o que você diria;

Nesse instante, uma voz vinda do alto-falante do aeroporto: passageiros, dirijam - se ao pátio para embarque na aeronave com destino ao Brasil e boa viagem. - Jamil e Jacob, subiram a escada, e já instalados nas poltronas, ouviram pelo alto-falante do avião o comandante falar; bom dia meus passageiros, vamos levantar o vôo, temos um céu de brigadeiro, eu e todos tripulantes lhes desejamos uma boa viagem. - durante o vôo, Jamil, ia adormecendo, mas Jacob deu - lhe um cutucão no braço, e perguntou - lhe; vamos continuar nossa conversa sobre o Holocausto. Jamil, mas você amigo Jacob só pensa nisso? - Jacob, pois é eu só penso que você me deve uma resposta. Jamil, meio adormecido...que resposta? - Jamil? Eu lhe perguntei, quando estávamos esperando o avião para embarque ao Brasil, o que você pensaria se os nazistas exterminassem um terço da população árabe? Olhando pela janela via nuvens passando...respondeu; amigo Jacob, eu não consigo acreditar o que eu e minha gente faríamos; talvez depois de terminada a segunda guerra mundial, mandássemos milhares de homens-bombas para Alemanha, que se espalhariam por muitas cidades, se explodiriam em vingança de nossos mortos, seria um pequeno alivio, e nosso ódio pelo que os nazistas fizeram, essa é minha resposta.

Jacob - nós judeus gostamos de viver em paz, nós cumprimentamos com a palavra Shalom, nos alivia de pressões, e temos de volta nossa querida terra de leite e mel que segundo velho testamento, nunca deveria ser "roubada" pelas legiões romanas. Mas nosso deus abriu os "olhos" da ONU, e voltamos à terra querida e principalmente, nossa capital, Jerusalém, nossa jóia, nossa vida...

Depois desse desabafo emocionado, vou escrever sobre "mansses" de Yossale;

Yossale o caixeiro viajante voltou de sua viagem no interior de S. Paulo, para comprar mais mercadorias. Pensou, e resolveu vender sua camionete e comprar uma kombi. No hoteleco em se hospedava, no bairro da luz, havia vários viajantes e vendedores como ele. Almoçava com alguns colegas e no meio da conversa, disse que pretende vender sua camionete por um preço razoável. Um português bigodudo, vendedor de farinha para padarias do interior, se interessou pela camionete, pois seu fusca estava em pedaços, mal cabia uns 12 sacos de farinha. Pediu para falar com o proprietário da camionete; Yossale se apresentou; bom dia meu colega, está interessado na minha camionete? Sim, meu nome é Manuel, (a maioria dos portugueses, gosta desse nome, assim como José ou João, são nomes mais comuns no Brasil> seu nome? - Yossale, pois - pois que nome engraçado? - meu nome pode ser engraçado para o senhor, não para minha gente, disse - lhe Yossale, já meio bravo; Manoel não se intimidou.

Nova pergunta; você disse minha gente? Que gente? - Yossale, bravo; primeiro eu lhe chamei, senhor, e me chama sem mais nem menos você. Que me desculpe disse Manoel, eu só queria saber sua nacionalidade ou religião? Sou judeu com muita honra, e você; a discussão estava cada vez mais acesa, sou português e católico disse Manuel. Me diga alguma coisa Manuel; "senhor ou você", não era mais o horizonte da discussão, mas sim, a caminhonete" queres comprar minha camionete? , quanto acha que ela vale? Manoel coçou o bigode, pensou, os judeus são bons negociantes, mas nós portugueses não ficamos atrás; estou vendo que essa caminhonete é Volkswagen, mas de que ano? 1960, disse-lhe Yossale; puxa os culhones, já está com 49 anos? - sim, disse Yossale, ela é como vinho, quanto mais velha melhor. E porque você vende, se ela é tão boa? - - puxa vida, respondeu Yossale, palavra esquisita essa, culhones? - sim, disse Manoel, são as duas bolas que todo homem carrega até morrer. A, sim; isso eu sei, sou muito macho, mas vamos ao negocio, quanto pagas? - Manoel, pensou, deu o lance, 7000 reais; o que? Disse Yossale, só de rodas com pneus, estepe incluso (aumentou por sua conta, pois estepe e pneu é a mesma coisa) faróis e faroletes, vidros, vale mais do que isso? - Manoel, retrucou, afinal não queres me vender uma caminhonete sem rodas com pneus, e o estepe, faz parte do auto. Yossale pensou, esse cara é osso duro de roer; pois bem, tem razão; se me pagares 15 mil na mão, está feito o negócio. Como manoel, gostou de uma bonequinha vestida de bailarina, pendurada no retrovisor, arrematou, minha proposta final é...13 mil na mão. - para Yossale era bom negocio, "aceitaria até 10 mil, " tentou outra jogada, pegou, pegou, pôs as mãos no rosto, fez uma cena digna de ator de novela; aceito o negocio se acrescentares apenas 1000 reais, é uma pequena diferença que nem vale discutir e lhe pago um almoço regado a vinho português. - Manoel, abriu um sorriso no rosto, "imagine uma caminhonete e mais um almoço com o bom vinho português, por apenas 14 mil reais, "ele que se considerava um entendido em valores de automóveis, pagaria até 15 mil; disse, pago; fechado o negocio, estendeu a mão para Yossale, que já estava disposto aceitar até 10mil reais. "resumo da história" a argúcia e inteligência venceu o preconceito. Um Abraço.

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