quarta-feira, 1 de julho de 2009

Um Conto de Eliezer Levin

Na nomenclatura de estudos e critérios sobre como se chega a fatos sobre crimes e seus autores; Sherlock Holmes é um ícone pela sua perspicácia e talento ao dizer ao seu amigo Dr. Watson. É elementar meu caro doutor. Essa frase ficou famosa e repetida por alguns especialistas principalmente policiais quando acertam o autor, alvo de suas pesquisas. Falando nisso me reporto o interessante artigo do advogado e escritor Eliezer Levin, que reproduz um artigo para que o leitor faça seu próprio juízo.

"Dois pobres judeus, cativos de um persa, caminhavam a passos lentos por uma estrada de terra. Sob olhar do amo que os conduzia para um mercado de escravos. A certa altura, disse um deles; - olhe, acabo de observar que aqui nessa estrada passou há bem pouco um camelo e, sem duvida era cego de um olho. - você me tirou as palavras da boca! - concordou o segundo - eu também acho que o pobre animal carregava dois barris, um cheio de vinho e outro de azeite. De pleno acordo irmão, acrescentou o primeiro, com amplo gesto de aquiescência. - e conduziam o camelo dois homens, um deles, posso garantir, filho de nosso povo, e o outro, persa. - sem sombra de duvida.

Ouvindo o estranho diálogo, o chefe da caravana não se conteve: - que raça esquisita de adivinhos são vocês! - ora, me digam, de onde foi que vocês tiraram isso? - os dois olharam para ele assustados. - nada mais simples, meu senhor - respondeu com cautela um dos judeus - dá para ver claramente por toda estrada as pegadas de um camelo, o que, na realidade, não nós surpreende. - e como sabe que é cego de um olho, - todo camelo procura pastar de ambos os lados de uma estrada, mas nesse caso, pode-se ver que a grama foi mordida de um lado, o que indica que o camelo não via o outro lado. Por um instante o persa coçou a cabeça debaixo do turbante, um tanto incrédulo. - está bem, - e quanto a carga? Porque dois barris, um de vinho outro de azeite? - basta olhar para o chão, respodeu o segundo judeu - repare, meu senhor, que estão bem visiveis as marcas de vinho e de azeite, derramados, e que não se misturam. Sem duvida foi porque os barris estavam bem cheios.

“É bem possivel!” - exclamou o persa, olhando cuidadosamente para as marcas no chão. - mas como deduziram que o camelo tinha dois condutores. - o senhor mesmo pode observar,; há dois pares diferentes de pegadas. - sim, é o que eu vejo, não resta duvida que são dois condutores, mas como saber que um é persa e outro judeu? - É elementar me caro senhor, respondeu o primeiro judeu - veja bem; - conhecemos nosso povo e o senhor o seu. - quando um judeu come, cuida de jogar as migalhas de lado, enquanto o persa, sem nenhuma preocupação, como o senhor bem sabe, ás atira no meio da estrada. - criatura cética o mercador não se convencia. - e muito desejoso de se certificar que os prisioneiros lhe disseram a verdade, mandou seus se apressarem. Não demorou, avistou uma caravana que vinha na estrada á sua frente. E no meio dela, destacava um camelo cego de um olho, com um carregamento de vinho e azeite. - e conforme ficou logo sabendo: um judeu e outro persa. - num tirante, um pensamento lhe passou pela cabeça; falou olhando para os dois judeus; abençoado o Deus, que escolheu semelhante povo e lhe doou parte de sua sabedoria. - no bom estilo oriental, os convidou para sua tenda, homenageando - os com suas melhores iguarias e vinhos que eram sorvidos por seus sábios hospedes, com a qualidade que merecem. Salam Aleikun - Shalom, como é bom viver entre homens de boa vontade. Amém...

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