sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Em nome da ciência ou em nome de Deus?

Das três principais religiões monoteístas; Judaica, Cristã ou Islâmica, a Cristã se destaca por ter um Estado. Na década de 1930, o Duce - Benito Mussolini, fez com o Vaticano o Tratado de Latrão. O Vaticano tornou-se um Estado independente dentro da soberana Itália. As divergências entre a monarquia Italiana, na pessoa do Rei Humberto Primo, e o Papa Pio X, estavam com os dias contados. A igreja católica apostólica romana exercia seu poder nos principais países católicos. O Brasil já era considerado o maior país católico do mundo.

"Faço essa introdução para tentar explicar o inexplicável" Manchete folha A13 na Folha de São Paulo, 13 de agosto: <a coincidência desses números, considerados de azar, talvez explique a manchete de minha crônica> "Comissão aprova acordo de Brasil e Vaticano - mais em baixo; igrejas cristãs tradicionais e evangélicas, grupos ateus e entidades católicas que defendem o Estado laico criticam texto do acordo. Apesar do protesto de igrejas cristãs tradicionais, evangélicas, grupos ateus e entidades católicas que defendem o Estado laico, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara aprovou ontem o texto. O acordo segue para três comissões, como corre em regime de urgência, pode ser votado no plenário imediatamente.

Mas na análise de Hélio Schwartsman, da equipe de articulistas, É complicada do ponto de vista institucional, a provável ratificação da Concordata entre o Brasil e o Vaticano. Os autores da proposta enviada ao Congregação foram espertos. Redigiram-na de modo tal que, formalmente , o texto não faz muito mais do que reafirmar direitos que a Constituição e a legislação ordinária já concedem não só à Igreja Católica mas a todas instituições religiosas. São garantias como exercício público de culto e imunidade tributária. Mas, se fosse só isso, porque a insistência de Roma em aprovar um documento que nada acrescenta?-Tem uma explicação:

Aqui a Igreja Católica se vale da condição ambígua de ser também um "Estado soberano", e busca relacionar-se com a União em condição de privilégio sobre as demais fés. Os profetas Moyses e Mahomé lá nas alturas entre nuvens e trovoadas devem estar indignados; As religiões tem seus devotos, e praticam seus preceitos em suas casas, Sinagogas e Mesquitas. "Pra quê" Estado?

O professor de física Marcelo Gleiser, escreveu meses atrás na Folha de São Paulo um artigo: A ciência e religiões - contando que celebramos neste ano dois grandes aniversários. O primeiro, o bicentenário do nascimento de Charles Darwin e o sesquicentenário da publicação de seu revolucionário livro "A Origem das Espécies". O segundo os quatrocentos anos da publicação do livro "Astronomia Nova" em que Johannes Kepler mostrou que a órbita de Marte é elíptica, dando a idéia de que todas outras seriam também. No mesmo ano, 1609, Galileu Galilei apontou seu telescópio para os céus mudando a astronomia para sempre. Em ambos os casos as descobertas científicas criaram sérios atritos com autoridades religiosas. Atrito que infelizmente sobrevivem até hoje; (um pequeno exemplo: o Papa Bento XVI, disse em certa ocasião que não compreendia a ciencia) entre a ciência e principalmente religiões monoteistas que dominam o mundo Ocidental e Oriente Médio, Judaismo, cristianismo e Islamismo (já citado em minha cronica acima).

O problema maior não começa no atrito entre religiões. Existe uma polarização cada vez maior entre as ortodoxas e liberais. As diferenças são enormes, um exemplo; no caso do judaísmo podemos hoje encontrar, rabinas liderando congregações. Nos EUA algumas correntes protestantes como episcopélicos, tem pastores e bispos abertamente homossexuais. Nessas correntes mais liberais dentre as religiões. se vê também uma relação completamente diferente com a ciência. Em vez do radicalismo imposto por uma interpretação da Bíblia, as correntes mais liberais tendem a ver o texto bíblico como forma simbólica, como acontecimentos e fatos passados com intuito - dentre outras - fornecer uma orientação moral para a população. Pastores e rabinos afirmam regularmente que é absurdo insistir que a Terra tenha menos de 10 mil anos e Adão e Eva surgiram da terra. Para um numero maior de congregações, é fútil fechar os olhos para o avanço da ciência. O mundo mudou, a sociedade mudou, a religião também deve mudar.

<Uma observação a fazer> se o pastor ou o rabino ortodoxo tem câncer e recebe terapia de radiação, ele deve saber que é essa mesma radiação que permite a datação de fosseis com centenas de milhões de anos. (Um conselho aos radicais ortodoxos e incluo o Papa Bento XVI) Fechar os olhos para os avanços da ciência, é escolher um retorno ao obscurantismo medieval, quando os homens viviam suas vidas assombrados pelos espíritos e demônios, subjugados pelo medo a aceitar a proteção de Deus.

Nos EUA, um simpósio reuniu cerca de 800 pastores e rabinos para discutir modos de reconciliação entre ciência e religião. Esperamos muito para que isso acontecesse, e um novo diálogo está começando, muito tarde talvez, já era tempo.

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