sábado, 29 de agosto de 2009

Iossale o caixeiro viajante e a cigana

Iossale dirigindo sua Kombi, seguia rumo ao interior para efetuar seus negócios; vendia suas mercadorias de "alta qualidade" compradas na 25 de Março, por preços razoáveis em módicas prestações de acordo com a cara do freguês. - Parou sua Kombi em baixo de uma arvore frondosa e desceu para descansar. O calor escaldante grelhava sua cabeça e o raciocínio. Estava dormindo quando ouviu a voz de uma mulher; Abriu os olhos, viu a sua frente uma mulher com vestido colorido, tipico de cigana.

O senhor está bem, disse a mulher: sim estou bem e a senhora? - Sim, depende do senhor: De mim porque? - Como o senhor está vendo sou cigana, posso ler sua mão. Ler minha mão porque? - Ué disse ela, o senhor não gostaria de saber o que o destino mostra através das linhas que temos nas palmas da mão? - Iossale olhando a palma da mão, viu linhas se cruzando formando uma especie de M. Sim estou vendo, isso é natural, todas pessoas tem! - Sim, disse a mulher, mas só as ciganas podem interpretar. Iossale ansioso de se livrar da mulher disse; e quanto vai me custar? - Depende disse a cigana, quanto dinheiro o senhor tem? - Iossale, essa não, quanto dinheiro eu tenho? - o suficiente para por gasolina na Kombi e mais algum para me sustentar na viagem. Tudo bem, me estenda a palma da mão direita. Porque tem que ser da mão direita, e a esquerda não serve? - A cigana nunca tinha tido em toda sua vida um freguês como esse e retrucou; Se o senhor não é canhoto, mostre a palma da mão direita, e lhe direi seu destino. Já estava escurecendo e Iossale querendo se livrar da cigana abriu a mão, mostrando a palma. - A cigana, pegou-lhe a mão, começou a falar; Tem uma linha curva, que rodeia o dedo polegar até o fim da palma; se ela atingir o começo do pulso é sinal que o senhor terá vida longa. Iossale curioso, viu que essa linha mal atingia o começo do pulso; começou a suar; a cigana percebeu que tinha atingido seu objetivo, falou; Essa linha indica que depende do senhor, ter vida longa. De mim por quê? - Tire do seu bolso o dinheiro, e mostre a nota de maior valor; Iossale esperto como era, percebeu o golpe, tinha em seu bolso varias notas, de 5 de 10, muitas de 20 e de 50 e uma de cem reais.

Cutucou o bolso, tentando esconder as notas de 50 e principalmente a de 100 reais. A cigana, vendo ele se retorcendo, olhando para cima, tentado adivinhar as notas maiores, disse: quanto maior a nota, maior o tempo de vida posso lhe dar.

Iossale, franzinho o cenho, perguntou: A senhora por acaso é filha de Deus? - Todos, somos filhos de Deus, mas eu dou uma ajuda, se for ajudada, depende do senhor. Se depende de mim, vou me cuidar, me alimentando regularmente, bebendo muita água, matando a sede, trabalhando muito, pois trabalhar é preciso, tenho muita coisa a fazer, não posso perder tempo com essa conversa, está bem.

A cigana percebeu, que não conseguiria nada daquele homem, disse: Olhe, meu amigo, a noite já chegou, veja as estrelas lá no céu, estou vendo disse Iossale, lhe desejo uma boa noite, e se dirigiu para Kombi; ela correu atrás, e lhe pediu carona até a próxima cidade. Iossale abriu a porta da Kombi e pediu que subisse. Partiu em direção a cidade mais próxima para deixá-la, mas não se conteve e perguntou-lhe; A senhora vive disso, ler a mão das pessoas? - meu amigo, nós ciganos, somos evitados, somos enxotados, porque acham que cigano vive para roubar, então nosso único trabalho é esse, ler a sorte das pessoas. São poucas pessoas que acreditam, principalmente os crentes e supersticiosos, portanto... Sim, disse Iossale, porque a nota de maior valor? - O senhor não sabe? Com uma nota de maior valor, podemos esperar mais tempo, nos alimentando, pois alimentar é preciso, até o próximo cliente, o tempo está difícil a crise é grande, temos que caminhar é nosso destino, fazer o que? - Fazer o que? - lhe dou um conselho; com tantas arvores que vejo pelo caminho, principalmente, mangueiras, que tal colhê-las, arrumar um caixote, - eu tenho no carro um sobrando, lhe dou, ajunte muitas mangas e ofereça aos motoristas e caminhoneiros, tem sempre quem compre, assim ajunte dinheiro e quem sabe com o tempo, você ache um espaço para alugar, e monte uma quitanda, e vire empresaria no ramo hortifrutigranjeiro; - Espera aí, eu empresaria, com esse nome esquisito? - Que esquisito, é um trabalho como outro qualquer; - Eu nasci cigana, já tenho meu trabalho, é só esperar o próximo freguês, só espero que não seja como o senhor. - Iossale, main got, conheço muita gente, - porque aparece uma cigana no meu caminho, querendo meu rico dinheirinho, conquistado com o suor do meu rosto, e o suor de meus fregueses, para pagarem as módicas prestações?

Um comentário:

  1. Mais uma candidata para o bolsa familia, ou melhor, bolsa "continue sem fazer nada, que um trouxa me paga as contas".

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